O pouso da Cajaíba (por Jean Carlos)
“Integrar”,
pelo dicionário, “Tornar inteiro, completar”. Bem, posso dizer que os dias 18,
19 e 20 de setembro mostraram algo diferente, aliás, complementar a uma
definição tão simplista desse verbo. A proposta de integração do Projeto
Mandala trouxe, em Pouso da Cajaíba, uma nova forma de se pensar as relações
hierárquicas e, principalmente, a questão da aparência.
A insistente
cantoria (a qual já se deveria esperar), seguida de brincadeiras infantis, além
de, para os mais calmos e introspectivos, as emblemáticas caricaturas da
sociedade francesa em Bicicletas de
Belleville. Assim foram as algumas horas de ônibus que se seguiram até
chegarmos próximos do Pouso e então termos que seguir de barco ao nosso
destino. Cada um coloca, então, sua própria bagagem nos barcos e, logo depois,
seguimos nós mesmos de barco.
Chegamos ao
Pouso da Cajaíba à noite e tivemos que armar nossas barracas nós mesmos. Para
alguns muitos ficou a pergunta: “Mas como? Nunca nem amarrei meu tênis sozinho
antes!”. Parece engraçado, mas digamos ser esta afirmação muito similar à
realidade. Bem, era hora ou de aprender por meio de tentativas indeterminadas
ou de pedir ajuda.
Muito bem, a
ajuda pareceu mais confortável e menos trabalhosa, acredito. E a partir daí,
deu-se uma maior interação entre pessoas que talvez nunca tenham se falado numa
escola em que estudam, no máximo, 232 alunos de ensino médio. Sim, talvez nas
dificuldades sejam percebidas as verdadeiras amizades. Clichê, mas é valido o
pensamento. Pensemos também por outro lado: Caso você não peça ajuda, não vai
conseguir dormir numa barraca hoje à noite. Bem, juntemos um pouco dos dois
pensamentos (colocando cada um deles à medida que preferirmos) e sigamos à
próxima etapa.
Barracas
prontas, seguiu a maioria para a praia. Fui para a água depois que quase todos
já haviam voltado para o acampamento. Não sei se foi apenas por a água estar
calma (devido a menos pessoas estarem nela), ou se por sorte, mas pude ver um
outro céu. Sim, pude vê-lo e tocá-lo. O plâncton brilhava na água, como as
estrelas brilham no céu. Tive a impressão de nadar nas estrelas. E a fogueira
na areia só deixava o momento cada vez mais inesquecível.
Dormimos.
Acordamos. Fizemos Tai Chi Chuan com o professor Guto. Professor Guto?!
Soa tão ruim falar dessa forma o nome dele... Sim, pois ele é simplesmente o
Guto. Não deixando de lado sua profissão e seu papel de responsável naquele
acampamento, mas é que tanto ele, quanto o Gregorio (Greg), a Andrea, o Thyago,
o Baiano (Moyses – descobri isso há pouco tempo), o Vitor e, até mesmo, a PROFESSORA Marina conseguem seu respeito
diante dos alunos não por meio de imposições dos seus cargos, mas sim pela
amizade, confiança e segurança que passam a todos.
“Uma nova
forma de se pensar as relações hierárquicas...” – Prefiro dizer agora: Uma
forma de se entender uma amizade que, de vezes, necessita de ser hierárquica.
Depois de
concentramos nossa energia para os joelhos com o Tai Chi, fomos à trilha. E que
trilha! Sol à beça, subidas indefinidamente grandes, descidas escorregadias
e... mãos para ajudar. O espírito de grupo (novamente com clichês. É, eu sei.)
foi um fator determinante à integração das pessoas. Trilha, praia, futebol e
até sumo. Depois, voltamos ao nosso acampamento.
Enfim, chega a
noite e começa nosso luau. Djavan, Seu Jorge, entre outros, foram também
contribuintes à interação das pessoas... A fogueira trazia um brilho especial à
noite, e Seu Zé não nos deixava desanimar com seus monólogos surreais!
E o que mais se
ouvia entre as pessoas, além de comentários sobre a fragrância peculiar que
rolava pela praia, era que realmente não se esperava que tal pessoa fosse tão
legal ou tão diferente do que se imaginava, e aí que se podia perceber o quanto
a opinião se baseia na aparência e que esta, como se sabe, compõe os alicerces
de indefinidos estigmas sociais como preconceitos, estereótipos, entre outros.
Enfim, podemos
dizer que não foi apenas a Cajaíba que pousou, descansou e novamente levantou
para seguir seu rumo. Nós também. Chegamos, sentimos a natureza, descansamos
(do sentido realmente cansativo da palavra), conhecemo-nos (a nós todos e a nós
mesmos) e seguimos novamente nosso destino.
Cajaíba foi
realmente uma experiência que mostrou o quão importantes são as atividades
inovadoras que a Escola Politécnica propõe aos seus alunos, de forma que os
mesmos, além de criar um senso crítico nas salas de aula, possam ter contato
com a natureza, com as atividades físicas e possam interagir em diferentes
ambientes com as pessoas com quem convivem , pelo menos, 9 horas de seus dias,
mudando, muitas vezes, conceitos acerca das mesmas. Que muitas viagens como
essa possam ser realizadas pelos alunos da Poli e que estes aproveitem como em
Cajaíba pudemos aproveitar a diversão e a reflexão do lugar.
Fotografia (Leoni/Leo Jaime) - (por Gabriela Faluzino)
Hoje o mar faz onda feito criança
Hoje o mar faz onda feito criança
Nessas
horas dorme longe a lembrança
De
ser feliz
Quando
a tarde toma a gente nos braços
Sopra
um vento que dissolve o cansaço
É o
avesso do esforço que eu faço
Pra
ser feliz
O
que vai ficar na fotografia
São
os laços invisíveis que havia
As
cores, figuras, motivos
O
sol passando sobre os amigos
Histórias,
bebidas, sorrisos
E
afeto em frente ao mar.
Quando
as sombras vão ficando compridas
Enchendo
a casa de silêncio e preguiça
Nessas
horas é que Deus deixa pistas
Pra
eu ser feliz
E
quando o dia não passar de um retrato
Colorindo
de saudade o meu quarto
Só
aí vou ter certeza de fato
Que
eu fui feliz
Pra sempre Mandala (Música de Calazans)
Funk
adaptado da música dos Mc’s Junio e Leonardo( Pra sempre Mandala)
Pamparanranpampa
Pamparanranpampa
Pamparanranpampa
Pamparanranpampa
Pamparanranpampa
MAN-DA-LAA (2x)
Tudo que o Mandala me ensinou,
Tudo que acampando eu aprendi,
Vou levar comigo a onde eu for,
Vou na humildade, sentindo o verde, ser feliz
Mesmo com tantas dificuldades
Superando numa trilha os limites, eu consegui
Tudo que acampando eu aprendi,
Vou levar comigo a onde eu for,
Vou na humildade, sentindo o verde, ser feliz
Mesmo com tantas dificuldades
Superando numa trilha os limites, eu consegui
Só quero cantar a felicidade,
Que é ver um amigo, te ajudando a construir
Que é ver um amigo, te ajudando a construir
Integração com as pessoas de toda parte
Trabalho coletivo, união existe aqui
Vale perceber que sozinho somos nada,
Somos todo mundo e tudo é nosso, quando vemos o outro sorrir
Por isso...
Eu souMANDALA
Eu fui
E sempre serei Mandala (2x)
Sei que na vida a chapa é quente
Mico leão morre na floresta, prá virar retrato no dinheiro do patrão
Eu souMANDALA
Eu fui
E sempre serei Mandala (2x)
Sei que na vida a chapa é quente
Mico leão morre na floresta, prá virar retrato no dinheiro do patrão
Por isso o nosso papo é diferente
Compreender que se unir e trabalhar é o começo da transformação
Compreender que se unir e trabalhar é o começo da transformação
Montar e desmontar as barracas [Com todos juntos]
Tai- Chi, concentração, aprender o que nas escola não aprendi
Andar no mato, cair na lama, estender a tanga
Mandala, vida verde, sensibilidade que se aprende a sentir
E são tantas as lembranças das viagens
Pena não ter tempo de falar todas aqui
Mas vai um abraço na humildade
Pra todos aqueles, que quando mais precisei
Falaram: Calazans, tamos aí!
Tai- Chi, concentração, aprender o que nas escola não aprendi
Andar no mato, cair na lama, estender a tanga
Mandala, vida verde, sensibilidade que se aprende a sentir
E são tantas as lembranças das viagens
Pena não ter tempo de falar todas aqui
Mas vai um abraço na humildade
Pra todos aqueles, que quando mais precisei
Falaram: Calazans, tamos aí!
Por isso eu vou..Pro Mandala
Eu fui..
E sempre serei Mandala..(2x)
(por Jorge)
Pousando em Cajaíba (por Eduardo Lima)
Tudo parecia frio e solidão,
enquanto
Navegávamos na escuridão.
A ausência de luz parecia
querer
Fazer surpresa do que iríamos
ver.
No balanço das águas, na
sonolência que se dava
O papo zueira rolava.
E terra à vista:
Latidos de cachorro era a
pista.
É hora de desembarcar,
Quando o bote vinha para nos
transportar.
À luz das lanternas ligadas
As barracas foram armadas.
Já era tarde da noite, a
praia era o lugar
Da galera interagir: se
banhar, alimentar ou conversar.
De pés descalços alguns iam,
outros vinham,
O importante era que todos
riam.
Noite mais que agradável,
merecida e prazerosa,
Olhos ansiosos para ver os
detalhes de Cajaíba maravilhosa. .
Ao deitar, ouvindo o som das
águas
Era impossível pensar em
mágoas
Toda uma semana agitada
esquecida
Pela calma de lá
estabelecida.
E pra fechar o dia com o
estômago forrado.
O jeito foi fazer miojo
compartilhado.
E o dia desponta
Quando uma barraca se
desmonta.
É hora de se estar de pé,
Prontos para o café.
Pela luz solar
Tiro fotos do lugar.
Coisa difícil de se
encontrar;
Os passos lentos que pude
desfrutar.
O Tai-Chi me acalma
E faz jus à minha alma
A trilha bota medo e deixa a
galera tensa,
Mas a vista lá de cima
recompensa.
Com todos em comunhão,
É só descontração.
E pra estar bem ao luar
Tomo água de coco mirando o
mar.
Volto pra bagunça de barraca.
Onde amigos fofocam do
Chuboca.
A noite traz a escuridão
trapaceira
Fazemos luar á luz da
fogueira.
E de repente vem o cheiro
Do verdadeiro brigadeiro
Pra não deixar desanimar
Seu Zé Carlos tenta cantar.
Na manhã que se segue
A tristeza me persegue.
Pois a pouco vou embora,
Mas enquanto não chega esta
desagradável hora...
Alguns dão saltos no ar,
Para caírem no mar.
E aos poucos barracas vão
sumindo
É o tempo se consumindo.
Enquanto isso tem quem fique
dopado.
Por se encher de “Dramim” no
horário errado.
O barco já está a nos esperar
Pra hora de voltar.
Uma volta especial
Pela alegria geral.
E só quem viveu pode contar,
Memórias daquele lugar.
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